25 novembro 2010

TEMPO DE SER

Não há o que dizer sobre o tempo quando se fala em vida que é VIVIDA verdadeiramente!

Não temos como mensurar o tempo de se  viver! Ou de se sentir, o que não tem muita diferença. O tempo de seguir em frente de rumo ao desconhecido, de olhar pra trás às vezes com alguma lágrima nos olhos e sentir falta de momentos, pessoas, e acontecimentos íntimos...






Definições de Tempo:
1.Série ininterrupta e eterna de instantes.
2. Medida arbitrária da duração das coisas.
3. Época determinada.
4. Prazo, demora.
5. Estação, quadra própria.
6. Época (relativamente a certas circunstâncias da vida, ao estado das coisas, aos costumes, às opiniões).
7. Estado da atmosfera.
8. Por ext. Temporal, tormenta.
9. Duração do serviço militar, judicial, docente, etc.
10. A época determinada em que se realizou um facto ou existiu uma personagem.
11. Vagar, ocasião, oportunidade.
12. Gram. Inflexões do verbo que designam com relação à actualidade!, a época da acção! ou do estado.





 Pra isso tudo não há como manipularmos o tempo, pedir que ele espere, ou até acelere para suprir nossa ansiedade esfomeada. Por falar nisso, quem é que anda precisando de um tempo? Acho que todos nós nos “tempos de hoje”, estamos vivendo “nesse tempo sem tempo algum”...



Em algumas conversas, tenho notado uma falta de tempo incrível das pessoas para com os outros e até para consigo mesmas, e isso me incomoda por demais.
Ninguém tem tempo! Todos trabalhando, estudando, mudando, correndo, exercitando, buscando coisas que muitas vezes nem sabem se é o que realmente estão procurando, e verdadeiramente querendo, desejando, almejando.
Antes de sair correndo e se descabelando, procurando, buscando, pare um tempo! Não muito tempo, só o necessário e se pergunte, pra onde está indo? Se lá realmente está o que se quer ? Ou onde se quer chegar? O que está exatamente no seu foco de busca? E se esse é o melhor caminho de se dirigir até lá?
Quem gasta tempo se perguntando onde e como ir, poupa tempo, fazendo assim sua chegada mais rápida. Nesse caso informo-lhes: Quem gasta agora poupa depois! E é assim que o prejuízo pode ser menor.


Muitos querem amar e serem amados, outros querem se apaixonar e perder totalmente o rumo, o fôlego e até a vergonha de ser feliz, jogando planos e metas criadas para tapar o poço vazio que carrega no peito pra fora de si. Sair por aí flutuando e enfim ter um porquê de deliciosamente perder o controle...

A paixão é a real tentação que fascina. Mas eu conto é um tanto arriscado e turbulento. É uma aventura e tanto, dessas que você vai de corpo alma e o que mais tiver dentro de si. E sim, pode apostar é uma das historias que você e eu vamos querer contar aos nossos netos, mesmo que a prole não advenha dessa surpreendente paixão.

Vale a pena mais essa definição, paixão é uma das palavras que mais gosto de ler e reler no dicionário, mexe comigo!

Paixão:
1. Impressão viva.
2. Perturbação ou movimento desordenado do ânimo.
3. Grande inclinação ou predilecção!.
4. Afecto! violento, amor ardente.

Quem já se apaixonou e sentiu seus pés fora do chão, o estômago na garganta, o grito mudo e viu seu próprio sorriso no olho do outro, sabe sim do que eu estou falando!
Ai ai... Pena que pra isso acontecer, nada é previsível! Mesmo não querendo se envolver, ou se está sem tempo para essa quase “doença”, lamento, pois a moléstia é “braba” a paixão quando bate, derruba e é NOCAUTE!

Joga-se a toalha. Não adianta a luta com algo que já te venceu! É como remar contra uma correnteza mais forte que sua própria força. E aí nesse momento tudo pode esperar, menos a urgência de estar junto!

A Paixão é a emergência da urgência, ou vice-versa!
É andar num avião caça e ainda se sentir atrasado!





Eu Renata, conto que prefiro as “paixonetas”, essas sim eu ainda tenho coração para aguentar!




Paixoneta:
1. Pequena paixão.
2. Namorico.



Depois desse suspiro que me fez levitar da cadeira a qual escrevo, devolvo meus pés ao chão e me lembro da realidade...
Voltemos ao “tempo”.


Quando olhamos uma foto antiga, um retrato, da época em que revelávamos o filme de nossas maquinas fotográficas analógicas, e nele encontramos além da imagem, marcas do tempo, como o desgaste do papel, o amarelado daquilo que foi aprisionado não só na cena  captada, mas como em uma caixa que guardamos dentro de um armário, onde supostamente nossa MENTE quer salvar quase em desespero entre os dedos da consciência, um pouco daquele instante vivido e da sensação obtida mesmo que momentânea. Mas como lhes disse no papel da fotografia o tempo deixa suas marcas...



Nas pessoas os efeitos causados pelo decorrer e transcender da vida, o passar do tempo, não é muito diferente.
Momentos, épocas, tempos... Eles se vão e em nosso corpo deixam marcas. Como algumas manchinhas de catapora na infância, cicatriz de um corte daquele inesquecível

A alma também guarda marcas, manchas e algumas dessas nós escondemos tanto, que chegamos até a negar que tenhamos ainda aquele sentimento quase que desconhecido (à força) em nós.


Olhando pra minha vida agora, e vendo o meu tempo como em uma linha, há dez anos saí da casa dos meus pais. Me vi fora daquela fortaleza. Virei ás costas ao ninho aconchegante e deixei o porto seguro.
Fui eu de encontro ao mundo, sem lenço, documento e sem medo! Fui de peito aberto, mas de coração nada esperto, caí, sofri, perdi, chorei e fiz do meu travesseiro meu maior conselheiro. É assim que se aprende a aprender. É ouvindo que se entende o motivo pelo qual se deve ouvir, e é ouvindo muito que um dia você aprende a falar. Tempos difíceis mais de muito orgulho. Sabe quando se olha pra trás e vê burradas idiotas que hoje você não teria realizado? Pois é! Só errando pra aprender a acertar! Ainda hoje eu erro demais. E aí aprendo mais e mais.
É a experiência deixa a gente mais experiente!
E daquele dia que saí pra buscar minha vida, até hoje contando em tempo são 10 anos de luta, briga com livros que pareciam aumentar as páginas a cada folha que eu já bastante cansada lia. Brigas com o espelho que mesmo com a auto-estima GRANDE era o próprio sarcasmo na minha frente. Fora as longas e intermináveis sessões de terapia, procurando exatamente o quê?
Aquilo que saí de casa em busca lhes garanto que não é.
E olha que eu rodei por muitos cantinhos desse BRASILZÂO! Mas a busca também não era de um lugar, para o meu desolamento.

Mas como não canso de dizer em tempos de mulheres frutas, GRITO ao mundo que sou mulher bambu, envergo e muitas vezes me vejo chegar ao temido chão, mas não me quebro! O tempo também se encarregou de me dar o molejo necessário para enfrentar as curvas da perigosa, porém deslumbrante, estrada da VIDA!

Eu ainda não me deparei com a minha independência e nem mesmo ganhei o mundo. E se querem saber isso não me entristece, ou me deixa mal humorada e sem ânimo para seguir adiante. Cada dia a vontade se multiplica, e assim que vai...

Acontece minha gente que a “tal liberdade” que eu não entendia bem o que era eu sempre tive! E tenho, e prezo por demais.
Coisa boa é ser livre. Mesmo que debaixo do teto dos meus amados e espetaculares pais, ser livre sempre esteve dentro das minhas propriedades. Primeiro porque mesmo tendo a família unida que tenho, todos são livres e podem ser como quiserem. Isso assusta tanto, que eu mesmo já me peguei cortando, minhas asas!
Lá na minha casa o limite é o limite que se consegue chegar... Fui tão longe, e não cheguei nem perto daquilo que busco.


Pausa para um bom caso de infância...

Em uma viagem de ônibus do interior para a capital de Minas Gerais, eu por volta dos 5 ou 6 anos, disse a minha sábia mãe: “- O que é liberdade mãe?”, ela com muita serenidade e olhos brilhantes que acompanhavam atentamente meu comportamento, e um tanto preocupada em me dar uma resposta da qual seria de fácil compreensão, desferiu a seguinte resposta firmemente:
“- É uma das melhores coisas que temos Renata. É exatamente o contrario de se ver um pássaro lindo dentro de uma gaiola, que por maior que seja, não deixa de ser gaiola, e o pássaro ali dentro se sente preso.”

Pronto nesse momento eu entendia o que era poder ir e vir, voar e retornar quando quiser, e também com o poder de sonhar e alçar voos longos e mais altos! Nesse mesmo momento eu me lembro que me curvei próximo aquele rosto maternal e disse...
“-Que bom mãe, que bom que eu sou livre!”


Enfim...

Por volta dos 12 me tornei tia, e “caí do galho” mas não perdi meu trono de filha querida, especial e forte.
Aos 17 já com a rebeldia a flor da pele... Descobri uma doença, e não por favor, não tenham pena nem mesmo sintam dó.

Essa doença me moveu pra frente, cresci no meio da dor e do amor. Sofri muito, mas aprendi tantas lições... Aprendi que limites só são impossíveis de serem ultrapassados para quem acredita neles. Aprendi que podemos nos esquecer de Deus, mas ele não nos esquece. Aprendi que um tempo pra conversar com quem se ama, não vai atrasar seu trabalho, nem empobrecer seu currículo, e sim aumentar suas experiências. Aprendi que quem troca está somando!


Eu aprendi que os idosos tem mais tempo, não porque já não tem mais o que fazer, e sim por já terem aprendido que a pressa não leva a lugar nenhum. E que se levar, corremos o risco de chegar adiantado e assim ter que engolir cru. Por isso eles esbanjam tempo! E com seus olhos de pálpebras mais flácidas por decorrência do tempo, ali é que você encontra uma biblioteca fantástica e viva!

Eu não quero mais a pressa, nem a lentidão, quero ter os meus 27 anos, assim gostando de cor de rosa, bala de goma, vestidos coloridos, colecionando Barbies, cantando muito, tomando sorvete no inverno e sentindo a chuva molhar minha roupa em uma tarde quente de verão... Lembrem-se a roupa seca, a chuva passa, o resfriado cura, mas o tempo infelizmente não volta...


A época, a moda, as leis, a opinião popular, a economia e suas taxas malucas, tudo passa! A pintura da casa, a paixão dos 3 primeiros meses de namoro, o entusiasmo pelo novo carro, a vontade de escutar a mesma música, de olhar a mesma paisagem e pelo mesmo ângulo.

Queridos, não tenho 90 anos, mas aprendi tantas coisas... É como se a vida tivesse me oferecido um supletivo e eu? Matriculei e fiz!
Fiz 60 anos em 27, mesmo assim não sei nada além daquilo que na dor e no amor, e com minhas próprias experiências pude aprender.


Ninguém nasce sabendo, mas quando se tem um impacto na vida os fatos ficam mais claros e passamos a viver como sempre me defino... “FESTINALENTEMENTE” é isso mesmo... Calma eu não xinguei ninguém, parece palavrão, mas significa “apressa-te devagar” é a pressa de ser devagar...

Pensem e reflitam, quando se faz algo com mais calma e vagarosamente cada detalhe é supervisionado, mais chance de fazer melhor, de aprender durante o processo de produção, seja de um desenho de casinha, seja de uma visita aos amigos, seja uma tese.

Eu quero mais é pintar minhas unhas de “rosa chicletes” de “azul cigarrete”, quero tomar água de coco deitada numa rede, quero ir trabalhar assoviando de alegria, quero deixar a lágrima presa escorrer e ganhar a face. Quero abraçar com tempo pra sentir o outro, quero beijar pra valer, quero comer pra saborear e não pra me encher...

Gente... nós somos GENTE (pessoas), saca? Não somos e nem seremos robôs ou máquinas, que se programam, trocam o óleo e as peças que já não servem mais e no lugar são colocadas outras mais novas.


Não somos assim, não fomos criados e colocados nesse mundão para automatizar os sentimentos! Desligue o automático da sua vida pra você viver!
Somos seres que podemos ser incríveis se quisermos, que podem se emocionar, sonhar, chorar, amar, abraçar e sentir... “Caraca”, não é pouca coisa não!!

Sintam-se! Contem pra vocês suas próprias historias, deixem seu coração revelar para suas mentes o que vocês são realmente... É inevitável para a felicidade acontecer que você se conheça.

Só sabemos quem somos, quando nos deixamos ser! Então SEJAM! Entendamos que ponto fraco também é um dos nossos diferenciais, o que nos torna humanos e diferentes mesmo sendo iguais. Isso é que nos traz pra realidade de “MENTE NUA”.

Desejo pra 2011 um BOM TEMPO DE SER!
Ser você... e pra mim... serenata!